terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Torcidas organizadas e a Evolução das Espécies

Charles Darwin foi o defensor mais ilustre e sistematizador da teoria da Evolução ou Seleção Natural, que entre várias coisas afirma que o homem é apenas um produto de seu meio, que a vida surgiu espontaneamente em formas extremamente simples e através de processos cegos de sobrevivência e adaptação atingiu o ponto em que estamos. Primeiro a ameba, e então o Homem. O ápice (até o momento) da evolução.

De todo o vasto horizonte de argumentos filosóficos e científicos que vão contra essa teoria, gostaria de ressaltar neste breve texto um fato que parece ter passado despercebido de toda a comunidade intelectual. É bem verdade que os fatos mais óbvios e extensos são os mais difíceis de serem explicados e apontados, assim como seria muito difícil explicar o céu, ou o amor. Portanto de antemão peço desculpas se a minha inabilidade atrapalhar em demasia meu texto. 

Este fato escondido me veio à cabeça ontem, como uma luz que irrompe na escuridão, quando estava saindo da padaria. Ao cruzar a porta de saída do recinto, meus olhos caíram em um grupo de pessoas, grupo este no mínimo peculiar. Sozinho este ajuntamento de seres constitui uma prova inequívoca do equívoco Darwiniano. Todos os integrantes estavam vestidos de preto, e se identificavam com o símbolo de um galináceo. Eles se comunicavam em um dialeto paralelo, bebiam como bárbaros e riam como loucos. Este grupo de religiosos estava reunido pois ontem a sua divindade se apresentaria em carne e osso. A encarnação ocorre semanalmente, e os devotos estão sempre lá, prontos a adorá-la. Enquanto o Deus Cristão é uma Trindade, a divindade adorada por esse grupo é dividida em 11 partes, sem qualquer alteração na substância. Sendo adoradores, estão dispostos a usar a força para rechaçar grupos que adoram outras divindades, como porcos, peixes e até São Pedro. São um grupo extenso, e fiel. Na verdade, fiel é uma parte de seu nome. Darwin não teria tido a audácia de chamar o homem de evoluído se tivesse conhecido o grupo chamado Gaviões da Fiel

De fato não pretendo ser injusto. Uso a Gaviões da Fiel como referência pois foi com eles que esbarrei ontem. Mas também poderia usar a Mancha Verde, ou a Independente, ou qualquer outra denominação destes grupos chamados de torcidas organizadas.

Recentemente tive o desprazer de ouvir a história de um homem que terminou o noivado pela razão mais estapafúrdia imaginável. Ele queria viajar para o Japão afim de ver o Corinthians. Sua noiva se opôs, visto que eles estavam perto de casar e esse momento seria terrível para isso. Este rapaz então, dando provas de sua evolução resolveu terminar o relacionamento, e cancelar todo o casamento. Mas não apenas isso, ele aparentemente deu uma entrevista mostrando todo seu orgulho, e batendo no peito com um zelo de dar inveja à qualquer "fanático" religioso. 

Este é apenas um exemplo que calhou de cair na mídia, devemos ter muitos outros, e ainda piores. Minha crítica não se aplica à todos que gostam de futebol, ou esportes em geral. Hoje sei que todos nós precisamos de uma distração, de uma diversão. Eu tenho as minhas, outros têm as deles. E futebol é indiscutivelmente uma preferência nacional. Minha crítica é muito bem definida, e possui um alvo cuja silhueta está claramente recortada contra o fundo de pano da sociedade. 

Enquanto estava escrevendo este texto jornais publicaram o tumulto causado pela Gaviões no Aeroporto de Guarulhos durante o embarque do Corinthians para o Japão. E então a mesma cena patética se repete. Brigas, discussões, vandalismo, Polícia acionada. Seguem-se marmanjos com a cara no chão, bombas de efeito moral, sangue, e violência gratuita e estúpida. Eu tenho sérias dificuldades em entender como alguém sai de casa para presenciar uma cena ridícula dessas. Como alguém pode sair à procura de apanhar como um anônimo em prol de causa alguma. Como milhares de pessoas derramam seu sangue por um time de futebol, e declaram amor à uma bandeira de um clube. Não tenho o mínimo respeito por pessoas assim. Todo esse amor e zelo dedicados à uma causa estúpida fazem muita falta na família, no trabalho, ou em atividades que realmente são importantes. Aquele senhor que foi citado anteriormente amava o Corinthians muito mais que sua futura esposa. A pergunta é: O Corinthians o ama de volta? O Corinthians o completa? O Corinthians o ajuda na doença, o faz rir, explica sua existência? O que o Corinthians faz por ele? E a resposta é tão clara quanto terrível. O Corinthians proporciona entretenimento.

A moral da história é: Essas pessoas colocam o entretenimento como o propósito máximo de suas vidas. Elas vivem para ser entretidas. 

E então imagino Darwin aqui, lendo esse texto, e pensando se o homem realmente evoluiu. Acho que ele pensaria duas vezes. Essas pessoas são a marca mais clara da involução humana. A natureza faz um facepalm quando as vê. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário